As Mulheres em Israel
Continuação do tema: A família Israelita
Quando Deus deu os Dez Mandamentos e disse: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo” (Êxodo 20:17). Os homens concluíram, então, que a esposa lhes pertencia como qualquer outro bem. A mulher era de tal forma considerada como sujeita ao marido que, segundo a Lei, a mulher de um escravo era vendida juntamente com ele. A esposa era uma possessão excessivamente valiosa e ninguém mais tinha o direito de tocá-la.
Acredita-se que nos tempos de Jesus, a severidade das regras sobre o casamento não diminuíra em relação ao que tinha sido no passado e que os maridos judeus mostravam-se mais rudes por causa da liberdade que as mulheres gregas e romanas tinham.
A mulher devia total fidelidade ao marido, mas não podia exigir isso dele. O marido não tinha o direito de vendê-la, não poderia facilmente repudiá-la, os casos em que a mulher podia pedir o divórcio eram extraordinariamente raros, pois sua posição na sociedade era inferior em todos os aspectos.
As mulheres não comiam com os homens, mas deveriam ficar em pé enquanto esses comiam, servindo-os em tudo o que fosse necessário. Nas ruas ou no Templo, elas ficavam a certa distância dos homens ou em ambiente separado.
A vida da mulher era passada em casa. As janelas das casas que davam para a rua eram cobertas com grades, para que as mulheres não pudessem ser vistas ou que qualquer um pudesse se achegar a elas. Era bem comum que as mulheres andassem com véus cobrindo seus rostos. Não era correto que as mulheres falassem com homens na rua, mesmo que este fosse seu marido. Quando os apóstolos viram que Jesus estava conversando com uma mulher samaritana ficaram muito admirados, primeiro porque era uma mulher e depois porque era uma samaritana.
Aos olhos da lei a mulher era considerada menor, irresponsável. O marido podia recusar qualquer compromisso por ela assumido, e ela não poderia fazer qualquer tipo de reclamação. Sua palavra não era aceita em tribunais e geralmente não tinham direito a herança de seu pai. Contudo, isso não significa que não tinham nenhum direito a nada. O sustento total da mulher cabia ao marido que deveria dar-lhe teto, alimento e vestuário, segundo sua posição social e posses. Se a mulher não fosse mantida adequadamente, ela poderia pedir ajuda e proteção do pai, e este repreenderia o genro. Mas, de modo geral, não havia necessidade disto. Os maridos judeus gostavam de ver suas esposas bem vestidas, adornadas com colares, anéis e broches, e que soubessem que em casa havia abundância de farinha, mel e óleo.
Embora o marido fosse o único guardião da propriedade comum da família, parece que não era proibido à esposa fazer uso de seus ganhos pessoais como julgasse apropriado: como vemos em Provérbios 31 ð “Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho”. As que teciam em casa e produziam mais fios que a família necessitasse, poderiam vender o produto. A mulher também fazia pão, moendo o grão entre as pedras do pequeno moinho que havia em casa. Buscava água na fonte e era também sua responsabilidade se abastecer de óleo puro para as lamparinas nos dias de Sábado.
O Pai de família
Continuação do tema: A
família Israelita
Uma vez iniciada a família (ou unidade familiar, como chamam os
historiadores) e com o breve nascimento de filhos, a família passava a ser
completamente independente. O pai era realmente o chefe da família, e isso no
sentido mais amplo da palavra “cabeça”.
A esposa o chamava até mesmo de “senhor”,
ou “mestre”.
Os filhos e filhas eram sua propriedade absoluta e ele podia
dispor deles como quisesse; se decidisse fazer isso, podia vendê-los como
escravos. Caso cometessem algum crime grave, o pai tinha o direito de condenar
seus filhos à morte.
Contudo, com o passar dos anos esse rigor foi-se abrandando. Por
exemplo, logo nos primeiros tempos ficou decidido que o direito de vida e de
morte só poderia ser exercido com o consentimento dos anciãos. Nos dias de
Cristo Jesus, já não havia mais qualquer questão quanto a isso, nem a venda de
crianças. Porém, o direito do pai de família estava ainda muito além de
qualquer coisa que a legislação moderna (dos nossos dias) pudesse admitir. O
pai era, de fato, o dirigente absoluto da casa.
Tudo ficava sob o controle do pai. O pai era responsável pela
casa em que vivia, por sua família e por todos os bens da família. Da mesma
forma, a honra que os filhos lhe davam era muito semelhante àquela que o Senhor
Jesus nos ensina a darmos a Deus. Como podemos observar em Êxodo 20:12 ð
“Honra teu pai e tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá”, o que nos
remete a uma ordem mais absoluta – “o
filho que não honra seus pais morrerá”. A lei condenava o filho
desobediente ou o que “amaldiçoava seu
pai ou sua mãe” a perder a vida. Na época de Cristo isso só seria aplicado
no mais grave dos casos, todavia, Jesus jamais deixou de insistir sobre a
importância do mandamento. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, chega ao
ponto de afirmar que honrar os pais é o “primeiro
mandamento com promessa” (Efésios 6:2).
A Família Israelita
A família era
em Israel, a base vital da sociedade, a pedra fundamental de todo edifício. Nos
primeiros tempos ele formara até mesmo uma entidade separada sob o ponto de vista
da lei; uma parte da tribo, na época de Cristo, era talvez mais frágil do que
nos dias dos patriarcas, quando o indivíduo não tinha valor algum em
comparação, mas era ainda muitíssimo importante. Os membros da família
sentiam-se realmente como sendo da mesma carne e sangue, e ter o mesmo sangue
significava ter a mesma alma.
A família não
era apenas uma entidade social, mas também uma comunidade religiosa, com suas
festas particulares, em que o pai era o celebrante, enquanto dos demais membros
participavam. Algumas das importantes cerimônias exigidas na Lei tinham um
forte caráter familiar – a Páscoa, por exemplo, tinha de ser celebrada em
família. O elo religioso familiar era tão rigoroso que nos evangelhos e no
livro de Atos vemos que os pais que aceitavam os ensinamentos de Cristo levavam
com eles a família inteira.
A boa sorte de
um membro da família significava alegria para todos, que, além do mais,
esperavam também tirar proveito disso. Por outro lado, uma infelicidade que
acontecida a um dos membros proporcionava tristeza para todos, e uma única
desonra afetava a família interia. Os ensinamentos dos rabinos enfatizavam a
ideia de que “não cuidar do irmão” era de fato agir como Caim, e elogiavam o
exemplo de José que perdoou os irmãos perversos que tentaram matá-lo e, ao se
tornar governador no Egito, recebeu-os bem e estabeleceu-os na terra de Gósen.
Era assim que se comportava o verdadeiro israelita. Nada podia quebrar o laço
de sangue, e todos tiravam proveito disso. Certificar-se da perpetuação da
família, isto é, casar-se, era então uma questão da maior importância para o
homem.
O Casamento Israelita
“Crescei
e multiplicai-vos”, esta foi à primeira ordem que o Senhor deu ao primeiro
homem e à primeira mulher. Os rabinos judeus ensinavam que “um homem solteiro não é, na verdade, um
homem”. E o celibato[1]
era considerado uma anomalia, quase uma desgraça. Todavia, na época de Cristo,
havia celibatários por vocação, referidos nos evangelhos como eunucos que “se
fizeram assim por amor do reino dos céus”.
A fim de
certificar-se da permanência da raça e da família os judeus da antiguidade,
tinham permitido que um homem tivesse muitas esposas, até mesmo um harém. A
poligamia era coisa comum: os reis, como Davi e Salomão, possuíam várias mulheres
e isso também era um símbolo de poder, mas o homem do povo não podia ter mais
do que uma ou duas mulheres.
Se a primeira
mulher era estéril, o marido se via obrigado a tomar uma segunda ou ter uma
concubina[2].
A “mulher da mocidade” de que fala
Isaías, não era repudiada, mas suplementada[3],
e isso é ainda mais fácil de compreender pelo fato das mulheres orientais
envelhecerem rapidamente; embora tal situação dificilmente ocorresse sem que
surgissem muitas dificuldades.
As concubinas, porém,
podiam ser acrescentadas à família sem quaisquer razões específicas. O termo
hebraico para elas, pilleges, era de
origem estrangeira – pellas em grego
e pellex em latim – o que nos leva a
supor que a escravidão tivesse muito a ver com esses costumes de haréns, pelo
menos entre os abastados; pois os pobres mal poderiam pensar em dar alimento a
muitas mulheres.
Nos livros de
Oséias, Jeremias, Isaías e Ezequiel, encontramos o casamento monogâmico como um
símbolo da aliança entre Deus e Israel. Na época de Cristo, ao que parece,
predominava a monogamia, parcialmente devido a esta tradição e também em vista
aos exemplos dos gregos e romanos. Embora o próprio Jesus não se pronunciasse
diretamente contra a poligamia, o nível elevado de suas declarações sobre o
casamento desfaz por completo qualquer possibilidade da ideia de um harém. Ao
abolir a concessão de Moisés relativa à fragilidade humana, ele declarou que o
marido e a esposa deviam unir-se física, moral e espiritualmente durante toda a
vida. O amor se tornara um sacramento.
As pessoas se
casavam cedo em Israel. Muitos rabinos opinavam que a idade ideal para o homem
era 18 anos. Os mais liberais admitiam que era possível esperar até os 24 anos
antes de tomar esposa. No que diz respeito às meninas, elas eram casadas no
momento em que estivessem fisicamente aptas para isso, o que, segundo a Lei,
era aos 12 anos e meio. Quando Maria deu à luz ela não tinha provavelmente mais
de 14 anos.
Os pais, para
justificarem a escolha de quem casaria com seus filhos, utilizavam-se da crença
de que os casamentos eram feitos no céu, decididos por Deus 40 dias depois do
nascimento do menino. A iniciativa da escolha partia do pai do filho, esse era
o costume desde os patriarcas e juízes. Os rabinos também ensinavam que não era
prudente casar uma jovenzinha com um velho, nem uma mulher de pequena estatura
com um homem alto. Quando acontecia de um jovem fazer a sua própria escolha,
como no caso de Esaú, os rabinos diziam: “Reflita
longamente antes de escolher esposa. Não olhe para beleza, que é passageira;
pense na família”. Se algum jovem tomasse como esposa uma moça de posição
inferior, o costume era que o pai enchesse um barril de frutas e o quebrasse em
público, bradando que jamais reconheceria os filhos dela e que estes não
pertenceriam à família, mas seriam espalhados como as frutas que rolavam para a
sarjeta.
Alguns
casamentos eram absolutamente proibidos pela lei, como por exemplo:
Com pessoas de outras nações;
De filhos com suas mães;
Do homem com alguma das esposas do seu pai;
Do homem com sua irmã ou meia-irmã;
Do sobrinho com sua tia;
Do homem com sua neta, sua nora ou sua cunhada (exceto no caso
do “levirato”);
De o homem casar com duas irmãs;
Esses eram
todos os relacionamentos que anulavam a união conjugal, e é certo que na época
de Cristo as proibições continuavam sendo respeitadas. A lei punia a
transgressão, nesses casos, com grande severidade: os culpados deviam ser
mortos e até queimados vivos. Pois o Senhor havia dito que todas essas coisas
são “abominações” aos seus olhos.
Quando um homem
morria sem deixar filhos, seu irmão ou seu herdeiro tinha de casar-se com a
viúva a fim de dar continuidade à família do morto. Este era o dever do “levirato” – o termo vem do latim “levir”, que quer dizer “cunhado” e no hebraico é denominado “Yaham”. Se o homem se recusava a
cumprir a sua obrigação, a viúva injuriada tinha o direito de tirar um de seus
sapatos e cuspir-lhe no rosto, gritando: “Assim
se fará ao homem que não quer edificar a casa de seu irmão”.
Depois de
escolhida a noiva, tinha o início o período que precedia o casamento, o
noivado. Este era muito importante, especialmente nos casos em que os noivos
mal se conheciam ou nem mesmo se tinham conhecido antes. Ele durava geralmente um
ano, mas, curiosamente, o noivado das viúvas durava apenas um mês.
Os jovens que
tinham feito um acordo com vistas ao casamento ficavam noivos, mas não eram
considerados como verdadeiramente casados, segundo as palavras de Deuteronômio,
até que o marido a “recebesse”. A
lei reconhecia direitos e obrigações durante o noivado que eram quase os mesmos
do casamento. A noiva suspeita de infidelidade ficava sujeita à famosa prova da
água amarga. A noiva culpada de adultério era apedrejada, exatamente como se fosse
esposa. Por outro lado, ela tinha a vantagem de alguns direitos legais:
Não podia ser rejeitada exceto mediante carta de divórcio;
Se o noivo morresse, era considerada viúva;
E uma criança nascida durante o noivado era tida como legítima.
Antes da união
matrimonial havia necessidade de decidir uma questão importante: o dote. Não se
tratava realmente de um dote no sentido que conhecemos, pois não era o pai que
dava para a filha dinheiro ou bens, mas era ele quem o recebia. O costume
remontava a uma época muito antiga da Bíblia. A discussão do dote era uma
questão prolongada e dava lugar a intermináveis argumentos. Uma vez chegados ao
acordo quanto ao valor do dote, era assinado um contrato. Este não era o fim
das obrigações financeiras do noivo: o costume exigia que oferecesse a futura
esposa uma coleção de presentes, que recebia o nome de mattan.
Quando tudo
estava finalmente combinado e assinado, o período de noivado chegava ao seu
término. Vinha agora o casamento, todos os parentes eram convidados, a cidade
interia, todos os amigos e amigos dos amigos. Muitos vinham de longe e valia
certamente a pena, pois as festividades duravam vários dias.
Na véspera do
dia do casamento, o noivo, acompanhado de seus amigos, ia buscar a noiva na
casa do pai dela. Ele usava roupas especialmente feitas para a ocasião.
Formava-se uma procissão, organizada pelo “amigo
do noivo”, que atuava como mestre de cerimônias e que ficava ao lado dele
todo o tempo, “regozijando-se também”.
A noiva era levada numa liteira, com o cabelo cobrindo os ombros, um véu no
rosto, e círculos dourados sobre a testa; durante todo o percurso o povo
cantava hinos nupciais.
A procissão
chegava à casa do noivo. Os pais dele pronunciavam a benção tradicional, que
era acompanhada por todos os presentes e expressavam os seus votos de
felicidade e fertilidade no casamento. Este era quase o único elemento
religioso da cerimônia. A noite era passada em jogos e danças. O noivo
participava, mas a noiva se retirava em companhia das amigas, as
damas-de-honra, para um quarto preparado para ela.
Durante todo o
dia, os homens participavam de jogos onde podiam mostrar as suas habilidades e
as moças dançavam e cantavam com a finalidade de atrair a atenção daqueles
rapazes que estivessem interessados em se casar. No final do dia era realizado
um banquete, onde os homens e as mulheres participavam, mas separadamente uns
dos outros.
As
damas-de-honra ficavam ao redor da noiva, todas de branco – normalmente eram 10
moças virgens. A noiva ficava sentada debaixo de um toldo que fazia parte da
cerimônia. O noivo finalmente chegava, e felizes ficavam as virgens sábias que,
com suas lâmpadas cheias de óleo, iluminavam o encontro dos dois. Sementes eram
lançadas diante do casal ou uma romã era esmagada e um vaso de perfume era
quebrado.
As festividades
duravam 7 dias, podendo durar até 14. Mas na primeira noite o casal de noivos
desparecia e as bodas eram consumadas. Segundo o costume os lençóis manchados
de sangue eram guardados como lembrança da noite de núpcias e como prova contra
futuras insinuações por parte do marido (Deuteronômio 22). Depois disso o casal
não viajava em lua de mel, mas voltava para participar de toda a celebração.
[1] Celibato:
é o estado do homem ou da mulher que vivem, espontaneamente, em solidão , sem
se casar.
Os Fariseus
Essa palavra hebraica
para fariseus é “perushim” significa
“separado”, embora alguns estudiosos
considerem o termo como de significação incerta. Os fariseus apareceram, pela
primeira vez, como um grupo diferente, pouco depois da revolta dos Macabeus
(que libertou os judeus do governo sírio opressivo), em cerca de 140 a.C.. Os
fariseus usualmente vinham da massa de povo comum, diferenciando-se dos
saduceus que vinham da aristocracia. O movimento desse nome, no princípio,
envolvia uma espécie de grupo reformador, que pretendia purificar e defender a
crença ortodoxa[1].
Eram os porta-vozes das opiniões da maioria das massas populares. Embora
continuassem firmes em suas palavras, gradualmente foram perdendo a presença e
a aprovação de Deus, e se tornaram representantes inadequados da melhor porção do
judaísmo.
Os fariseus,
pelo menos em certo sentido, representavam a continuação dos ideais de Esdras,
visto que eles eram mestres (com frequência, escribas) que tentavam levar
avante o ministério de ensino fazendo-o com grande cuidado e dedicação. No
começo do século II a.C., eles eram chamados de Hasidim (“santos de Deus”).
Nos dias de
Herodes, eram um pouco mais de seis mil indivíduos. O grupo não era totalmente
homogêneo[2].
A maioria dos escribas pertencia ao partido dos fariseus, e deles foram
surgindo aqueles ensinos exagerados que circundavam a lei e as observâncias
legalistas. Eles determinaram que a lei contivesse 613 mandamentos, dos quais
248 positivos e 365 negativos. Além disso, cercaram essas leis com um
complicado e exagerado sistema de interpretação, que fazia pesar
consideravelmente sobre os homens as suas responsabilidades morais e religiosas.
Para exemplificar, eles determinaram 39 tipos de ações que, supostamente, eram
proibidas para o dia do sábado. Além dessas elaborações, eles também aumentavam
a importância da lei, criando analogias[3],
de tal modo que coisas, que muitas pessoas sérias nem levariam em conta, eles
transformavam em questões importantes. Em sua ignorância, após tantos
acréscimos feitos por eles, ainda afirmavam que sua doutrina era antiga,
procedente de Moisés, como preceitos dados no Monte Sinai (Marcos 7:3). O Novo
Testamento serve de testemunho sobre alguns desses exageros dos fariseus, mas a
história também nos revela que havia pontos bons entre eles.
[1] Ortodoxa:
é aquilo que segue à risca o que diz uma palavra ou regra. Orto = correto ou direito. Doxo
= Ensino.
[2] Homogêneo:
pode ser formado de coisas diferentes, mas se tornando em uma coisa só; unido;
ligado.
[3] Analogia: é a
semelhança entre coisas diferentes. Semelhança. Na Língua se dá pela construção
de ideias baseadas nas já existentes.
A
Palestina
Para os
nossos dias, a Palestina é uma país situado na extrremidade ocidental da Ásia,
numa região chamada de Oriente Próximo. Ele vai das montanhas da Síria até as
estepes[1]
do Neguebe; do grande deserto da Arábia às costas do Mar Mediterrâneo.
O nome
“Palestina” não é mencionado na Bíblia, contudo, na versão latina da Bíblia,
chamada Vulgata, fala dos palestinos e do país em que vivem. Fica, porém,
perfeitamente claro que isso não se refere à Palestina atual, em sua íntegra,
nem ao povo de Israel. Esses palestinos são os filisteus, e é assim que as
edições recentes traduzem a expressão. Filisteus: isto é, os aventurerios, os
piratas que surgiram como vanguardas da invasão ariana no século 12 a.C.;
aqueles que o faraó Ramsés III conquistou sob o nome de “Povo do Mar”; os que
se estabeleceram na planície costeira de Sarom e a quem os hebreus, saídos do
Egito, tiveram de combater ferozmente nos dias de Sansão, e dos reis Saul e Davi.
Para os israelitas, portanto, a Palestina não passava de um distrito de sua
terra, que traz a lembrança o nome de um inimigo derrotado. Os navegadores
gregos que comerciavam com os portos da costa filistéia, passaram a chamar toda
a região pelo nome que conheciam, ou seja, todo o país passou a ser chamado de
Palestina. Isso tornou-se comum no mundo greco-romano e assim chegou até os
nossos dias.
Nos tempos
de Jesus, nos contextos religiosos e históricos, dizia-se “Terra de Canaã”. A
expressão “Terra de Canaã” é usada quase
100 vezes na Bíblia, significando uma nação ou um país. O que é bem
interressante, é que os cananeus, que viveram naquela região, também foram
inimigos de Israel. Segundo a tradição bíblica, os cananeus descendiam de Cã, o
segundo filho de Noé, enquando o ancestral de Israel foi o filho mais velho de
Noé, chamado Sem. Os cananeus ocupavam principalmente as cidades, por eles
fortificadas, as quais os juízes de Israel tiveram tanta dificuldade em sitiar.
Os israelitas, ao chamar seu país de Canaã, destacavam o fato de terem
conquistado essa terra pela força, porque Deus a concedeu a eles.
Nos tempos
de Jesus, também era usada uma outra expressão para se referir à região: “Terra
Prometida”, isso em memória da aliança entre Abraão e o Senhor. Temos também o
nome de “Terra Santa”, usado pelo profeta Zacarias (Zc 2:12 – “Então, o SENHOR
herdará a Judá como sua porção na terra santa e, de novo, escolherá a Jerusalém”). “Terra
de Judá” é mencionado uma centena de vezes na Bíblia, indicando não simplesmente
a Judéia, mas toda a Palestina.
A “Terra
Prometida” abrangia toda a extensão de terra que fora governada pelo rei
Salomão, cerca d 1.000 a.C. A terra foi um distrito de aproximadamente 2.000 km2
ao redor de Jerusalém, onde ficou limitado “todo o remanescente de Israel”,
após voltarem da Babilônia nos dias de Zorobabel. Mesmo em seu período de
explendor máximo, a Palestina, a Terra de Canaã, a Terra Prometida, continuou
sendo um país pequeno.
Segundo a
geografia, a região da Terra Prometida deveria ser uma região árida[2],
onde há vulcões extintos, um solo cheio de rachaduras e cavernas naturais, como aquelas que Davi
usou para se esconder, se não fosse um acidente geológico que produziu duas
enormes falhas no relevo que se aprofundaram até os seus fundamentos. Entre
essas duas falhas geológicas toda a superfície do solo afundou. Este episódio
deu a Canaã sua surpreendente aparência das montanhas como se fossem
invertidas, como se fossem ocas, expondo uma grande fenda entre elas onde o rio
Jordão corre indo para o Mar Morto. As montanhas da Terra Prometida não são
muito altas, seus picos não são tão íngremes, de fácil subida para seus
habitantes.
O lago de
Genesará apresenta forma de harpa e ainda continua sendo um dos mais belos
lugares do mundo. Suas águas límpidas variam do tom azul de safira para o
verde-jade, com grandes reflexos vermelho-ferrugem e ocre[3]
ao pé dos penhascos. Ele é circundado por uma cadeia de morros cobertos por
campos verdejantes. O lago já era assim na ocasião em que Jesus chamou seus
primeiros discípulos. Ele pode ter sido mais belo que hoje, pois muitas das
árvores que o circundavam já não existem mais. Haviam inúmeras cidades e vilas
que viviam do coméricio e da pesca e hoje muitas delas não passam de ruínas.
As estações
são apenas duas, dividindo entre elas o ano: um verão prolongado e um inverno
de duração comum. Em março, toda vegetação explode. Mesmo nas regiões mais
secas, o chão fica coberto, por algumas semanas, por um tapete verde,
interrompido aqui e ali por tulipas e açafrão amarelo.
As
temperaturas médias registradas em Israel até o dia de hoje chegaram a números
incrí veis, que vão de 54ºC no
verão a -17ºC no inverno. A água também
é uma questão muito séria, o que era muito mais grave nos tempos de Jesus,
contudo, grandes obras foram realizadas em Israel para que esse problema não
viesse a afetar a qualidade de vida da população.
No amor do Senhor Jesus!
[1] Estepes: é o termo usado para definir uma planície
coberta por planta herbácea (plantas rasteiras e que não tem caule) e xerófila
(É uma planta que está adaptada a viver em climas semiáridos e desérticos ou em
regiões úmidas. Estas adaptações incluem caules e folhas carnudas para
armazenar água, às vezes cobertas com uma camada de cera para diminuir a
evaporação. Outra adaptação são as raízes bem longas, para alcançarem o lençol
freático. Os espinhos que possui a protege de animais herbívoros, que a procura
por causa da água que armazena.), que se estende pela Ásia desde a Ucrânia até
a Mongólia. Caracteriza-se por um solo negro, considerado muito fértil,
entretanto na região do Mar Cáspio, ocorre outro tipo de solo, semi-desértico,
não fértil. Também é caracterizada pela inexistência de árvores de grande
porte.
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