Epístola aos Romanos


Parte 3 – O Evangelho de Deus



3. Paulo chegou a Roma

Mas Paulo chegou verdadeiramente a Roma. Não foi do jeito como ele havia planejado e se preparado. Paulo desembarcou em Roma em condições que aos nossos olhos não eram tão boas. Paulo estava sendo conduzido como um prisioneiro acorrentado[1].
Talvez Paulo nem estivesse imaginando que era dessa forma que o Senhor o levaria para Roma. Os planos de Paulo foram frustrados para que os planos de Deus se cumprissem em sua vida.
Provérbios 16:1 – “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR”.
É dessa forma que devemos viver, submissos a vontade de Deus. Tiago 4: 13 a 16 diz certamente que: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.
Em Lucas 22:42 o Senhor Jesus diz: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.


[1]
Atos 25: 10 e 11 – “Disse-lhe Paulo: Estou perante o tribunal de César, onde convém seja eu julgado; nenhum agravo pratiquei contra os judeus, como tu muito bem sabes. Caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as coisas de que me acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode entregar-me a eles. Apelo para César.”


               2. Pontos notáveis e os obstáculos – Rm 1:10

10  em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos.

Um primeiro ponto a se notar é que muitas vezes imaginamos que a vida de um apóstolo era uma vida apenas cheia de bons momentos, sem qualquer tipo de problemas ou dificuldades. Achamos que, por ser um apóstolo, Paulo, tinha uma intimidade tão grande com Deus e que era tão cheio do Espírito Santo que nunca precisaria desejar nada por muito tempo, que o Senhor realizava todos os desejos do seu coração. Contudo, em nesse texto vemos que as coisa não são exatamente assim.
Era desejo de Paulo estar com esses cristãos de Roma, porém, o Senhor não concedeu a Paulo o “momento oportuno” esperado por ele.
Um bom exemplo é o que encontramos em 2 Coríntios 12:9 [1], quando Paulo ora ao Senhor por três vezes pedindo que o livrasse daquele espinho na carne e o Senhor só lhe responde na terceira vez.
Um segundo ponto a se notar é que Paulo não age em momento algum se não for pela vontade de Deus, ele diz: “pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos”. Paulo está esperando o momento em que o Senhor lhe abrisse o cominho para poder encontrar-se com os cristãos de Roma.
Paulo sabia que nada iria bem sem a bênção de Deus, não importavam as suas idéias ou vontades, ou quão grande era o seu desejo de ir a Roma, Paulo não moveria um pé do lugar se esta não fosse a vontade do Pai.
Um terceiro ponto a se notar é que havia obstáculos impedindo Paulo de realizar os seus planos, contudo, Paulo aceitava os obstáculos sem irar-se contra o Senhor, Paulo aceitava e respeitava a vontade de Deus para a sua vida, pois Paulo era sensível à vontade de Deus.[2]
Esses obstáculos foram utilizados por Deus para guiar o Seu servo em sua missão apostólica. Esse tipo de atitude de Deus é o que se chama de “Doutrina da orientação”, porque às vezes Deus nos mostra o que Ele quer que façamos, ou que não façamos, por meio de obstáculos.
Um dos obstáculos que Paulo encontrou e que o impediu de ir a Roma foram as áreas ainda não evangelizadas.  Paulo não poderia deixar o campo enquanto não pregasse o evangelho[3], mas após completar a obra ele estaria liberado par ir ver os cristãos de Roma.
Um segundo obstáculo é a enfermidade. Em 2ª Coríntios 1:8 Paulo menciona a enfermidade[4]. Ele estava doente perto da morte. Os obstáculos podem vir de inúmeras partes, doenças, acidente ou outros acontecimentos que fogem ao nosso controle.
Deus utiliza de certas circunstâncias para ficar acima dos nossos planos e projetos. Deus interfere em nossas vidas muitas vezes criando barreiras que somos incapazes de transpor.
Um terceiro obstáculo podemos encontrar em 1ª Tessalonicenses 2:18, onde Paulo diz: “Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho”. Nesse caso Paulo não diz ser impedido por Deus, mas que o “Maligno” havia colocado trincheiras que impediam a sua passagem.
Em Atos 16:6 a 10 Paulo diz: “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho.
Um quarto obstáculo é observado na vida de Paulo, mas agora fora impedido pelo Espírito Santo de prosseguir. O Espírito Santo estava impedindo Paulo de ir à Ásia para pregar o evangelho. No mesmo texto Paulo diz que tentou ir para Bitínia, mas o Espírito Santo o proibiu de ir, pois Deus estava dirigindo os seus passos para onde queria.
Em um momento Paulo foi impedido e em outro caso não recebeu permissão. Nesses dois casos houve a ação do Espírito Santo. Isso quer dizer que o apóstolo era sensível em seu espírito à direção e orientação do Espírito Santo de Deus.
Paulo nos ensina que as portas estão todas nas mãos de Deus. Há portas que Deus abre e portas que Deus fecha, só Ele tem o poder de abrir o que fechou e fechar o que abriu. Nunca devemos forçar uma porta que está nas mãos de Deus. Quando Deus quer que façamos algo, Ele age por meio de circunstâncias. Paulo foi capaz de entender todas as direções que o Senhor lhe estava dando, pois tinha comunhão com o Espírito Santo de Deus, sem esta comunhão estaremos lutando contra a vontade do Pai.
Um bom exemplo para entender essa situação que Paulo viveu, sendo impedido de ir à Ásia, é uma história sobre um “trem carregado pronto para partir”.
“Um trem foi colocado nos trilhos de uma ferrovia, os seus vagões de cargas já estavam abastecidos e prontos para a partida, a pressão do vapor estava correta, o maquinista estava no seu posto, os passageiros estavam em seus lugares, tudo estava perfeito. Mas o trem não saia do lugar! Não foi dada ao maquinista a ordem de dar a partida! Sem a ordem, o maquinista não poderia sair da estação com o trem. A ordem de partida só é liberada depois que a pessoa responsável por todas as linhas dá a sua palavra liberando a autorização. Esta é a forma que o maquinista sabe que não há nenhum problema nos trilhos nem durante todo o percurso de sua viagem”
Foi isso que aconteceu com Paulo. Faltava a permissão para a partida. A orientação direta do Espírito Santo de Deus. Paulo só partiria para a sua viagem após ter a certeza de que ela estava sendo abençoada por Deus. Em Romanos 14:23 Paulo diz: “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado”.
Um quarto ponto a se notar é que mesmo sem a permissão para ir ver os cristãos de Roma, Paulo continuou orando. Paulo não se desesperou, não se desanimou ou se aborreceu com Deus, mas “incessantemente” fazia menção a Deus de ir a Roma se encontrar com os irmãos. Não sabemos qual é o momento da liberação da benção por isso não podemos desistir de orar e esperar confiantes nas bênçãos do Senhor. Esse é um grande segredo para o crescimento espiritual, nunca desistir e entender que tudo se faz mediante a “vontade de Deus” em nossas vidas.
Muitas portas podem ser fechadas, mas certamente Deus abre muitas outras. Às vezes é necessário que certas portas sejam mesmo fechadas para que o nosso coração esteja voltado para a porta certa. Em algumas ocasiões achamos que a porta que escolhemos é a única que nos fará entrar para receber a benção tão esperada. Nem sempre compreendemos o “melhor de Deus para as nossas vidas”. As proibições de Deus fazem parte dos planos de Deus para cada um de nós.


[1] 2 Coríntios 12:9 – “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.”
[2] Romanos 1:13 – “Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.”
[3] Romanos 15:23 – “Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos”                                              
[4] 2 Coríntios 1:8 – “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida.”
 




  1. Paulo um grande homem de oração – Rm 1:9

9  Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós
 
Paulo era um grande homem de oração, e isso pode ser observado em todas as cartas que ele escreveu as igrejas. Em Romanos 1:8 ele diz: “Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo”. Paulo nos faz lembrar o Salmo 23 quando Davi escreve “O SENHOR é o meu pastor”. Paulo dá graças ao seu Deus, ele não diz o nosso Deus.
Uma das características de uma vida de oração é ter a certeza que o Senhor é “O Deus pessoal” de cada um de nós. É certo que quando estamos reunidos na igreja muitas vezes oramos “ao nosso Deus”, mas em nossa intimidade ou ao falarmos de Deus para outras pessoas temos que ter a certeza da importância que Ele tem para as nossas vidas, isso é fundamental na vida do cristão, e Paulo tinha essa certeza.
O Deus do cristão é um Deus que está bem perto, e o cristão é alguém que tem livre acesso a Deus. O ponto mais importante da Nova Aliança é o que lemos em Hebreus 8:10 – “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” Com isso entendemos que Deus quer que cada cristão tenha uma relação pessoal com Ele, Deus quer que cada cristão o conheça intimamente.
Quando Paulo diz “mediante Jesus Cristo”, ele está querendo nos ensinar que ninguém pode nem mesmo agradecer algo a Deus, se não for mediante o Senhor Jesus Cristo. Pois a verdade é que não há conhecimento de Deus, nem acesso a Deus, exceto por meio do Senhor Jesus Cristo. O próprio Jesus disse: “Eu sou o cominho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim[1].
 
No amor do Senhor Jesus!
 




[1] João 14:6 – “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” 

  1. O motivo de Paulo querer visitar Roma – Rm 1: 8
8 ¶ Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.

 O principal motivo de Paulo querer ver aquele grupo de cristão era para confirmá-los, para ajudá-los a fortalecer a fé que tinham em Cristo Jesus. Paulo sentiu a necessidade de ajudar esses cristãos a se fortalecerem espiritualmente. A conversão não é o fim, é apenas um começo de uma vida dedicada a Deus. Nesta vida com Deus encontramos restrições, obstáculos e surpresas.
Quando uma pessoa se converte ela não fica imune às ciladas do Maligno. Em 1ª Coríntios 3:1[1] Paulo fala em “crianças em Cristo”. Uma criança precisa de cuidados especiais para andar, comer, permanecer limpo, etc. Da mesma forma que uma criança precisa de treinamento para conseguir realizar várias atividades. Os novos convertidos também, e em muitos casos, os já maduros na fé também precisam de cuidados especiais para que permaneçam na fé de forma a não serem abalados por qualquer vento de doutrina.
O “Maligno” não pode impedir ninguém de ser cristão, mas pode criar situações que venham a atrapalhar esses cristãos em sua caminhada com o Senhor. Paulo dá uma lista de pecados conhecidos dos cristãos de Roma, e esses pecados certamente foram introduzidos dentro do convívio da igreja para fazer com que os crestes de Roma viessem a pecar contra o Senhor e trazer infelicidade as suas vidas espirituais. Após se cometer pecado imediatamente vem à tristeza e o arrependimento de tê-lo cometido.
Em Efésios 4:14 Paulo diz: “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” A criança não enxerga os perigo, mas o pai sim, e, portanto, Paulo deseja estar com estes cristãos novos na fé para poder fortalecê-los e confirmá-los.
Muitas pessoas que tiveram uma conversão gloriosa, com o passar do tempo, essa conversão foi arruinada, isso porque não houve nada nem ninguém que ajudasse esses novos convertidos a permanecer firmes na presença de Deus. Muitas pessoas não conseguem andar sozinhas nem por um instante sequer. Comparando com uma pessoa que tem problemas para se locomover e precisam da ajuda de muletas ou cadeiras de rodas, assim também é na vida espiritual para algumas pessoas. Sempre haverá pessoas que nunca conseguirão andar sem a ajuda de outra.
Paulo não estava interessado em si mesmo, mas naqueles em que o Senhor os entregou para cuidar. Não bastava ver as pessoas aceitarem ao Senhor Jesus, Paulo queria era vê-los firmes e constantes na presença de Deus. Paulo era o maior exemplo que “constância”, depois do momento em que se encontrou com o Senhor Jesus na estrada de Damasco, Paulo tomou uma decisão e nunca voltou atrás dessa decisão. E sempre tinha o Senhor em primeiro lugar em sua vida.


[1] 1ª Coríntios 3:1 – “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.”

 
Parte 2 – O Evangelho de Deus


  1. Saudação – Romanos 1: 1 a 7
Paulo diz que o evangelho é acerca do Filho de Deus.
Jesus não é o portador das Boas Novas, as Boas Novas são a Pessoa e o que a Pessoa de Jesus Cristo realizou. Para que existissem as Boas Novas era estritamente necessário que houvesse Jesus Cristo. Por exemplo: Moisés não era necessário para que existisse a Lei, Deus poderia ter separado outro homem para enviar a Lei – José, Abraão, Isaque – qualquer outro. Moisés não é a Lei ou parte dela.
Paulo diz neste versículo que Jesus é o Filho de Deus. Em João 10:30 diz: “Eu e o Pai somos um”. Para os judeus, o que Jesus disse era uma blasfêmia, dizer que “Ele era igual a Deus, que era o Filho de Deus” era um excelente motivo para planejarem a sua morte. Jesus nem era um fariseu, era um homem sem qualificações, era o “filho do carpinteiro”, como poderia ser o “Filho de Deus? Como poderia ser igual a Deus? A melhor solução para esse problema era a crucificação”.
Jesus pode ser chamado Filho de Deus, pois ele não foi criado como todos os outros homens, à imagem de Deus, mas Jesus foi “gerado[1]”, e o único gerado, “o unigênito[2] do Pai”. Através do Espírito Santo, Maria concebeu e Deus a luz ao Filho eterno de Deus. João 1: 1 a 3 diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.”

Segundo a carne:
Paulo diz que Jesus nasceu “segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus”. Jesus, Filho de Deus, e não filho de Davi. Jesus é sempre eterno e está no seio do Pai[3].
Jesus tornou-se da semente de Davi, “segundo a carne”. Jesus era – e tornou-se. E o que tudo isso significa? Jesus começou a ser “da semente de Davi, segundo a carne”. Jesus não era assim em sua existência. Pode-se dizer que Jesus “passou a existir dessa forma, segundo a carne, da descendência de Davi”.  Paulo nos diz que Jesus, o Filho de Deus existia desde a eternidade, mas aconteceu algo no curso de sua existência, Ele começou a ser algo que não era antes. Em Gálatas 4:4 Paulo nos diz: “. . .vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. . .”. Deus enviou seu Filho da eternidade – da forma que era antes – para que habitasse entre nós.
Paulo também nos diz em Filipenses 2:6 “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;”. Isso significa que Jesus nem por um momento considerava a sua igualdade a Deus, isso não trouxe qualquer dificuldade para o seu ministério, pois Jesus “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”[4]. Jesus era na eternidade “a forma de Deus”, mas agora Ele assumiu a “forma de servo”, mas não deixa de ser a mesma pessoa ainda. Jesus foi feito da semente de Davi para entrar no mundo, para poder começar a existir “na carne”. Dessa forma o menino nasce em Belém para dar inicio ao seu ministério terreno e para se cumprir as promessas no Antigo Testamento.
Outro ponto a ser observado é que Jesus foi gerado “segundo a carne”, ou seja, Ele foi feito em forma humana da semente de Davi. Paulo está se referindo à natureza humana de Jesus. Jesus apresenta duas naturezas, uma “humana” e outra “divina”. Aqui, “segundo a carne” representa a “natureza humana de Jesus”. A palavra carne não significa simplesmente corpo, Jesus não tinha apenas corpo humano, mas também alma humana. Jesus tinha uma natureza humana completa. A mente de Jesus pensava como a mente de um ser humano. Em Lucas 2:52 diz: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”.
Havia alguns hereges[5] durante os primeiros anos da igreja que diziam que Jesus não era o Filho eterno de Deus, que o Cristo entrou em Jesus no memento de seu batismo e que esse Cristo eterno saiu de Jesus no momento da sua morte na cruz. Sendo assim, o Cristo eterno não morreu na cruz, quem havia morrido era apenas o homem Jesus.
A Bíblia nos diz exatamente o contrário, que Jesus o Filho eterno de Deus tomou sobre si uma verdadeira natureza humana, não somente corpo, mas também a alma, a mente e o entendimento, e Ele morreu verdadeiramente. Jesus experimentou a vergonha, o sofrimento, a sede e tudo isso foi descrito em detalhes dentro da Palavra de Deus.

Semente de Davi:
No jardim do Éden, Deus fez a promessa de que a “semente da mulher[6]” esmagaria a cabeça da serpente. “A semente da mulher” significa a humanidade toda, judeus e gentios. Em Gênesis 49: 10, Deus estreita a promessa dizendo: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos”. Deus diz que O descendente viria da tribo de Israel, da tribo de Judá. Contudo, Judá tem muitas famílias então Deus precisa estreitar ainda mais a sua promessa. Então Deus declara que O descendente viria da casa do Rei Davi[7].
Deus estava preparando o caminho para o Messias. Quando Ele viesse não seria qualquer judeu, nem de qualquer tribo, mas da descendência de Davi.

O nascimento virginal:
Mateus descreve, no capítulo 01, a genealogia de Jesus, e coloca que “Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo[8]”. Nesse texto Mateus não diz que Jacó gerou a José que gerou Jesus, mas que Jesus nasceu de Maria. Mais a frente Mateus relata que: Mateus 1:18 – “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.
Segundo esses relatos, Mateus toma o cuidado de deixar bem claro que não foi José quem gerou a Jesus, mas que José era apenas o marido de Maria, da qual nasceu Jesus. No evangelho de Lucas podemos observar os mesmos cuidados quanto aos relatos do nascimento de Jesus, uma vez que vem entre parênteses a observação: “(como se cuidava, ou seja, como pensavam)”. Lucas mostra a genealogia de Maria demonstrando que Jesus era descendente direto do rei Davi através de Maria. Dessa forma, Jesus é da semente de Davi por meio de sua mãe, Maria.
Para os judeus ortodoxos, ou seja, aqueles que ainda esperam a vinda do Messias e que não acreditam que Ela já veio, o Messias ainda virá. Esses judeus estão esperando o Messias com base nas genealogias antigas, contudo, os registros que os judeus tinham foram todos perdidos no ano de 70 d.C, com a invasão de Jerusalém pelos Romanos. Todos os registros genealógicos desapareceram, sendo assim, eles não podem provar que o Messias, que estão esperando, é verdadeiramente da semente de Davi.
Nós podemos provar qual a origem do nosso Messias, mas os judeus, que ainda o estão esperando, não podem provar nada, estão completamente cegos. Quando José e Maria foram para Belém[9], para proteger o menino que estava por vir, ainda havia registro.
E foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor
Paulo nos diz que Jesus é declarado Filho de Deus com autoridade e poder, poder que lhe foi dado pelo Pai[10]. Jesus era O Filho de Deus em fraqueza e humildade durante o seu ministério terreno, contudo, como resultado da ressurreição, e nela, era O Filho de Deus com poder.
A expressão “espírito de santidade” só é empregada apenas esta vez em todo o Novo Testamento e é por isso que é preciso observar bem o que o apóstolo Paulo está querendo dizer.
Primeiro Paulo fala “segundo a carne” e depois “espírito de santidade”. Nesse texto há a plenitude da pessoa de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Jesus habitou entre nós coberto pelo poder do Espírito Santo que o confirmou diante do Pai e dos homens[11]. E, através do Espírito Santo de Deus, a descendência de Davi, segundo a carne, não obtinha qualquer domínio sobre Ele[12].
Em Atos 26:23 vemos que . . . que o Cristo deveria padecer e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos”. Sendo Jesus o primeiro, certamente haverá outros a serem ressuscitados. A ressurreição de Cristo foi a primeira etapa da ressurreição dos mortos.
Mas houve a ressurreição de Lázaro, contudo, Lázaro não ressuscitou através de seu próprio poder ou pela sua própria justificação, mas mediante o poder da palavra de Jesus. Lázaro, porém, retornou a morte após ser trazido de volta a vida por Jesus Cristo, o que não aconteceu com o Senhor Jesus Cristo, que está vivo a destra do Pai. E o que acontecerá com os crentes que morrem em Jesus? Permaneceremos vivos em espírito diante do Pai.
Paulo, então, nos diz que O Filho de Deus, que Se tornou Filho do homem, e que foi crucificado em fraqueza, foi depois ressuscitado e declarado Filho de Deus com poder pela ressurreição dentre os mortos.
Quando Paulo apresenta Jesus aos cristãos que estão em Roma como “Nosso Senhor Jesus Cristo” ele está querendo demonstrar que Jesus é a maior autoridade na vida desses cristãos, não era César ou qualquer outra autoridade. Esses cristãos romanos deveriam decidir a qual dos dois senhores deveriam obediência, a César ou a Jesus.
Muitos cristãos eram lançados aos leões porque declaravam que Jesus era o Senhor e não César, por isso Paulo quer levar esses cristãos a saberem exatamente o que eles querem para as suas vidas. Jesus era o centro de todas as coisas e os cristãos romanos também deveriam ter essa certeza em suas vidas.
Os judeus esperavam um Messias apenas com atributos humanos, apenas na semente de Davi, um Messias que viria para libertá-los do domínio dos romanos e não um Messias que os livraria da morte eterna. Por isso Jesus pergunta a seus discípulos: “Que pensais vós do Cristo? De quem é filho?[13]” E eles responderam: “De Davi.” Até os seus discípulos esperavam esse tipo de Messias, um homem. “O Cristo” significa “O Messias” – o “Ungido” de Deus, que foi especialmente separado e ungido para essa obra especial. Esse Messias era o profetizado no Velho Testamento, um Messias que seria ao mesmo tempo profeta, sacerdote e rei.
Paulo apresenta o nome do seu Senhor – “Jesus Cristo”. Um Senhor que era senhor de todas as coisas com autoridade e poder, um senhor que estava acima de todos e que tinha um nome inigualável[14]. Não há no céu lugar mais grandioso que aquele que Ele ocupa, e todas as coisas do céu, da terra e debaixo da terra, estão sob os Seus pés.
Paulo recebeu graça e apostolado. Por essa graça Paulo foi feito cativo em Cristo. Paulo reforça que recebeu apostolado de Cristo para confirmar a autoridade de seu ministério apostólico. O ministério de Paulo foi executado em obediência por fé em Jesus Cristo para que pudesse levar as Boas Novas a todos os gentios, não apenas aos judeus.
Paulo entregou-se totalmente em submissão a Deus por causa de sua obediência à fé que tinha em Jesus Cristo. Por fé, Paulo obedecia, e, através da obediência, se considerava devedor tanto a gregos como a judeus. A fé movia o coração de Paulo em obediência à vontade do Pai. A fé o impedia de pecar e frustrar os planos de Deus através da sua vida.
Mas o que é pecado? Pecado é recusar ouvir a voz de Deus. Pecado é dar as costas a voz de Deus e fazer apenas aquilo que vem a nossa cabeça. Quando o pecado entrou no mundo foi exatamente assim, Adão e Eva deixaram de ouvir a voz de Deus e fizeram aquilo que a sua vontade queria.
Jesus é o Salvador do mundo e não apenas dos judeus, Jesus é a “luz do mundo”, Jesus veio para outras ovelhas, para aquelas que não tinham aprisco, nós somos essas ovelhas, os cristãos que estavam em Roma em número, que foi chamado, por Jesus, para serem Dele e nós também fazemos parte desse número que Paulo diz.
Anteriormente, éramos como forasteiros, como ovelhas sem pastor, mas Deus provou o seu grande amor através de Cristo Jesus[15]. Agora somos chamados, através do amor de Deus, de filhos[16].
É a graça de Deus 6que nos leva à paz, através de Cristo em nossas vidas, pois Jesus é a paz de Cristo, o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.” - Colossenses 3:15.


[1] Mateus 1:20  Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
Hebreus 7:10  Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. 
[2] João 1:14  E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
1 João 4:9  Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele.
[3] João 1:18  Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.
[4] Filipenses 2:7  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
[5] Herege: pessoa que professa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé. 
[6] “Semente da mulher” - Gênesis 3:15 – “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
[7] 2 Samuel 7:12  Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.
1 Crônicas 17:11  Há de ser que, quando teus dias se cumprirem, e tiveres de ir para junto de teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que será dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino.
[8] Mateus 1:16 – “E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo.”
[9] Lucas 2:4 e 5 – “José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.”
[10] Mateus 28:18 – “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.”
[11] Lucas 3:22 – “e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”
[12] Hebreus 4:15 – “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.”                                                                                                                                                                                                         
[13] Mateus 22:42 – “ Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe eles: De Davi.”
[14] Filipenses 2:9 – “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,” 
[15] João 3:16 – “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
[16] 1 João 3:1 – “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.”
 

Parte 1 – O Evangelho de Deus


Mas o que era necessário para ser um apóstolo?

 
Data da postagem: 07/05/2014

Em primeiro lugar, os apóstolos deveriam ser escolhidos, chamados e enviados pelo Senhor Jesus pessoalmente[1].

Em segundo lugar, os apóstolos precisavam ser aprovados pelo Senhor Jesus, sendo assim, precisavam ser testemunhas de suas pregações e dos milagres que Ele realizou, e principalmente testemunhas da Sua ressurreição[2].
Apesar de Paulo não ter andado juntamente com os doze discípulos ao lado de Jesus em seu ministério terreno, ele também viu o Senhor.
Em terceiro lugar, os apóstolos foram dotados de maneira muito especial pelo Espírito Santo[3].
Em quarto lugar, Deus abençoa a obra dos apóstolos por meio de sinais e milagres. O trabalho dos apóstolos dava muitos frutos[4].
Em quinto lugar, um apóstolo exerce o seu ministério em todas as igrejas e por toda a sua vida, até a morte[5].
Paulo não nomeou a si mesmo apóstolo. Paulo era um apóstolo oficialmente chamado por Deus para exercer esse ministério, e como um apóstolo chamado, Paulo também foi “separado para o evangelho de Deus[6].”.
Dessa forma podemos concluir que a sucessão apostólica é praticamente impossível para os nossos dias. Uma vez que os fundamentos da Igreja de Jesus Cristo já foram formados. O seu alicerce já fora estabelecido e com esse alicerce estabelecido não há necessidade de que ele venha a ser feito novamente e por pessoas de nossa época.
“Uma parede pode ser erguida sobre um alicerce, mas essa parede nunca vai ser parte do alicerce, vai ser sempre parede e alicerce sempre alicerce.”
O alicerce constituído pelos apóstolos e profetas já foi finalizado e não precisa de reparos. Além disso, o cânon[7] do Novo Testamento já fora concluído, sendo assim, encontramos outro motivo para que não se tenha mais apóstolos em nossos dias. Antes de o cânon ser finalizado havia a necessidade dos apóstolos, pois eles precisavam estar diretamente ligados os crentes para lhes dar instruções vindas do Senhor com respeito aos ensinamentos divinos, mas, com a sua finalização, com todos os livros do Novo Testamento aprovados e a disposição dos crentes, chega ao fim a tarefa apostólica.
O termo apóstolo traz uma ideia de autoridade. E Paulo sabia disso, um exemplo está em 1 Coríntios 1 ele diz: “Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo . . . pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes”. Mas quando Paulo se denomina servo, ele se coloca no mesmo nível de igualdade aos outros crentes, como está em Filipense 1:1 ele diz: “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus...”. Como servos, eles são iguais, mas como apóstolo, Paulo está em uma posição diferenciada dos outros. Timóteo é servo, mas não é apóstolo. Paulo é servo e também é apóstolo.
Paulo também diz que foi “separado”. Como fariseu ele também era uma pessoa separada, pois o termo “fariseu” em hebraico significa “separado”, contudo, Paulo foi separado pelos homens e por ele mesmo e não por Deus.
Os fariseus se colocavam à parte de todos aqueles que, segundo eles, ensinavam, mas não eram pessoas conhecedoras da Lei e não eram santos. Eles se consideravam tão especiais ao ponto de que as suas roupas não poderiam ser tocadas por ninguém, para que não se tornassem impuros. Os fariseus não se misturavam, rejeitavam publicanos e pecadores.
Paulo havia separado a si mesmo como fariseu, mas agora Deus o estava separando para fazer a sua obra, e para Paulo isso era um privilégio. A sua primeira separação foi feita pelo homem, mas a sua segunda separação foi feita por Deus.
Paulo fala do evangelho de Deus, e esse evangelho nos conta o que Deus fez para salvar os pecadores. Por isso podemos dizer que o evangelho são as boas novas, as alegres notícias, que falam a respeito da salvação que Deus está enviando para um mundo perdido em pecado. Nessas boas novas, Deus nos conta o que Ele fez através de Cristo Jesus por cada um de nós.
Paulo fala de um evangelho de Deus e que está completamente ligado a Seu Filho.
Mas o plano é do Pai.
 Toda a ideia de salvação é do Pai.
O Pai é quem dá inicio ao plano de salvação.
O Pai fez a primeira promessa no jardim do Éden. Gênesis 3:15 – Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Não podemos deixar de lado a importância de Deus em todos os seus feitos e promessas. Muitas vezes nos esquecemos disso e damos apenas a Jesus toda a nossa atenção. Em João 3:16 diz – “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Foi Deus quem começou a obra, Deus é o autor, Deus determinou toda a obra de salvação para o homem, e coube a Jesus executar essa obra.
Jesus se empenhou em cumprir toda a vontade do Pai[8]. Jesus foi enviado pelo Pai, e o Pai lhe confiou toda a Sua obra, e Jesus foi sustentado e capacitado pelo Espírito Santo para realizá-la.



[1]  João 6: 70 – “Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.”.
João 13:18 –“ Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar.”
João 15:16 – “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”
João 15:19 – “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.”
[2] Atos 1:8 – “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”
 Atos 1:21 e 22 – “É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição.”
1 Coríntios 9:1 – “Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor?”
Gálatas 1:12 – “porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.
[3]  1Coríntios 2:10 a 13 – “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.” 
[4] Mateus 10:1 – “tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades.”
Mateus 10:8 – “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.” 
Atos 2:43 – “Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.” 
Atos 3:6 a 9 – “Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus. Viu-o todo o povo a andar e a louvar a Deus,” 
Atos 5:12 a 16 – “Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E costumavam todos reunir-se, de comum acordo, no Pórtico de Salomão. Mas, dos restantes, ninguém ousava ajuntar-se a eles; porém o povo lhes tributava grande admiração. E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor, a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os colocarem sobre leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra se projetasse nalguns deles. Afluía também muita gente das cidades vizinhas a Jerusalém, levando doentes e atormentados de espíritos imundos, e todos eram curados.” 
[5] Atos 26:15 a 18 – “Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio,  para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.”
 2 Timóteo 4: 7,8 – “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
[6] Gálatas 1:15,16 – “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue,”
[7] O que é o cânon? – Lista autêntica dos livros considerados como inspirados por israelitas, católicos e protestantes.
[8] João 14:10b – “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras”

        O que é um profeta?

Data da postagem: 28/04/2014
 
Um profeta não é um vidente, mas era uma pessoa que Deus separava para uma obra específica e especial.
Profetas não são apenas aqueles homens que escreveram livros proféticos, como o caso de Isaías, Jeremias, Daniel e Oséias. Mas todo aquele que Deus separou para levar a sua mensagem e cumprir a sua vontade. Moisés foi um profeta, Davi foi um profeta, Abraão foi um profeta. Todos esses homens profetizaram a respeito de Jesus Cristo.

Qual era a tarefa de um profeta?

O profeta era um tipo de pregador, não um pregador como temos hoje, mas um homem que prediz[1], mas que também proclama[2] algo. Os profetas do Antigo Testamento davam orientações vindas de Deus para as pessoas que viviam em seu tempo. Os profetas se envolviam em diversas situações, a política era uma delas.
Os profetas eram inspirados e recebiam revelação de Deus para o que iriam fazer ou falar. Quando revelavam, tornavam um fato conhecido a todos, davam uma informação. E, quando inspirados, significa que Deus estava no controle de todos os atos e palavras desses profetas. Os profetas eram instrumentos de Deus.
Quando Paulo fala em “sagradas escrituras”, ele está querendo dizer toda a Bíblia. Em Lucas 24:44 Jesus diz – “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
Paulo utiliza os textos do Antigo Testamento, ele percorre toda a Bíblia procurando confirmações dentro da Palavra de Deus para provar para as pessoas que o ouvem que tudo o que ele diz é verdade.
 
No amor do Senhor Jesus!
 


[1] Predizer é dizer antecipadamente
[2] Proclamar é anunciar em público e em alta voz.

 




O que é o evangelho?

Data da postagem: 07/04/2014
 
“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Muitas pessoas dizem que Jesus é o centro de tudo, mas foi Deus quem, primeiramente, desejou enviar o Seu Filho para nos salvar. Mas por sua vez, foi Jesus Cristo que nos conduziu para o Pai. Jesus veio para glorificar o Pai e isso Ele nos ensinou, é só lermos João 17. 

2  o qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras,
 
O evangelho está baseado em fatos históricos que foram registrados na Bíblia. Deus queria que soubéssemos que esses fatos realmente aconteceram. A primeira coisa que precisamos lembrar é que esse evangelho fora prometido anteriormente.
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, quer nos mostrar como o Antigo Testamente é importante, pois é no Antigo Testamento que iremos encontrar as promessas. E, no Novo Testamento, iremos encontrar a revelação de como essas promessas foram cumpridas, estavam sendo cumpridas e ainda seriam cumpridas.
O Antigo Testamento ao trazer essas promessas nos mostra como ele é importante para o entendimento do Novo Testamento. Ao rejeitá-lo estaríamos também rejeitando a pessoa de Jesus. Encontramos no Antigo Testamento as sombras do que Deus havia planejado para o seu povo. Todas as promessas do Antigo Testamento são as sombras do que foi cumprido no Novo Testamento.
Quando se diz: “os profetas”, Paulo está se referindo a todo o Antigo Testamento e não apenas aos “Livros Proféticos”. Os Livros Proféticos dividem-se em “Profetas Maiores e Profetas Menores”, não pela sua importância, mas por causa do seu tamanho. Os livros que tem mais capítulos estão em primeiro lugar, e os que têm menos capítulos vêm depois.

No amor do Senhor Jesus!
 

Saudação – Romanos 1: 1 a 7

"Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,” (Romanos 1:1)“ 

Data da postagem: 25/03/2014

Paulo inicia a Epístola aos Romanos fazendo três declarações muito importantes. Primeiro ele diz que é servo, depois que é chamado e por último que ele foi separado. Paulo estava iniciando a epístola, apresentando-se, como de costume, declarando quem ele era e o que ele era.

Paulo era um servo, ou seja, escravo, não escravo de qualquer pessoa, mas de Jesus Cristo. Sendo assim, como escravo, Paulo esta declarando que prestava submissão absoluta a seu dono e que também dependia totalmente dele. O dono tem total domínio sobre o seu escravo e pode fazer aquilo que lhe agradar fazer a seu escravo. Para a nossa cultura, o termo “escravo” não soa muito bem, pois logo pensamos em serviços forçados e tratamento agressivo e violento, mas para Paulo, que era judeu[1], tinha outro entendimento que era ser um “escravo”. O Antigo Testamento nos dá outro tipo de entendimento do que seja um servo, os que são chamados de servos de Jeová[2].
Paulo estava declarando que todo o seu ser girava em torno da pessoa de seu Senhor, Jesus Cristo[3] e que a sua servidão não lhe causava nenhum tipo de peso, mas alegria e gozo no coração, por que, mesmo depois de ser um perseguidor, o Senhor teve misericórdia dele e agora Paulo era pregador do evangelho[4].

Paulo também foi chamado para ser apóstolo.

A palavra apóstolo significa enviado, aquele que vai para longe numa missão. É alguém que é enviado para levar uma mensagem.
O apóstolo pode ser chamado também de embaixador, emissário ou mensageiro.
Para os judeus, dentro de sua cultura (antes do Novo Testamento), quando uma pessoa era chamada de apóstolo significava que esta pessoa era um emissário[5] enviado para coletar tributo dos judeus da Dispersão, ou seja, essa pessoa estaria cobrando impostos daqueles que estavam longe de sua terra, e esses impostos seriam levados para o Templo em Jerusalém para serem usados lá e administrados pelos sacerdotes do tempo.
Já no Novo Testamento, o significado da palavra apóstolo muda, refere-se então a um mensageiro evangélico, alguém que seja enviado numa missão espiritual, alguém que, nessa função, representa aquele que o enviou e leva a mensagem de salvação, alguém enviado por Deus. Todos os apóstolos eram representantes de Deus aqui na terra.
Quando uma pessoa é chamada por Deus para ser um apóstolo, ela passa a ser um representante Dele por toda a sua vida e por onde quer que vá. O apóstolo recebe autoridade daquele que o enviou, autoridade que vem de Deus.


[1] 
Gênesis 26:24 – “Na mesma noite, lhe apareceu o SENHOR e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo.”
Números 12:7 – “Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa.”
Josué 24:29 – “Depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, servo do SENHOR, faleceu com a idade de cento e dez anos.”
2Sm 7:5 – “Vai e dize a meu servo Davi: Assim diz o SENHOR: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?”
Is 20:3 – “Então, disse o SENHOR: Assim como Isaías, meu servo, andou três anos despido e descalço, por sinal e prodígio contra o Egito e contra a Etiópia,”
[2] Isaías 49:1-7 – “Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O SENHOR me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome; fez a minha boca como uma espada aguda, na sombra da sua mão me escondeu; fez-me como uma flecha polida, e me guardou na sua aljava, e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado. Eu mesmo disse: debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia, o meu direito está perante o SENHOR, a minha recompensa, perante o meu Deus. Mas agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele, porque eu sou glorificado perante o SENHOR, e o meu Deus é a minha força. Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra. Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, ao que é desprezado, ao aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão, e os príncipes se levantarão; e eles te adorarão por amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu.”
Isaías 52:13 – “Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime.”
Isaías 53:11 – “Ó tu, aflita, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu assentarei as tuas pedras com argamassa colorida e te fundarei sobre safiras.”
[3] 1 Coríntios 6:19 e 20 – “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20  Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.”
Gálatas 2:20 – “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
[4] Romanos 1:14 – “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes;”
1 Coríntios 9:16 – “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!
[5]  Emissário significa – enviado para uma missão.


 

Breve panorama da Epístola

Data da Postagem: 13/3/2014

Uma visão panorâmica nos auxilia a destacarmos alguns pontos que têm sido apontados por muitos estudiosos quanto a esta epístola.
- Os onze primeiros capítulos são doutrinários.
- Os capítulos doze ao dezesseis são práticos – é a aplicação das doutrinas descritas por Paulo anteriormente.
Podemos dividir a epístola da seguinte forma: Saudação preliminar e uma introdução geral do tema.
O tema da epístola é o “evangelho de Deus”.
No capítulo 1:16 e no fim do capítulo 4, Paulo começa a desenvolver este seu grande tema sobre o evangelho de Deus, e especialmente sobre a justificação pela fé somente. Paulo afirma que Deus está realizando algo por meio de Cristo Jesus, que é a justiça de Cristo em nossas vidas. Temos a salvação como dom de Deus, que nos é dada de graça, não é uma salvação resultante de algum tipo de esforço humano. O homem não tem a capacidade de salvar a si mesmo, a não ser que seja através da graça de Deus por intermédio de Jesus Cristo.  É algo totalmente novo tanto para os judeus quanto para os gentios. A justiça não vem por meio do homem e suas ações, mas por meio de Deus em Cristo Jesus mediante a fé.
“O justo viverá pela fé” – Romanos 1:17
Os judeus necessitam igualmente da graça de Deus, mesmo tendo a lei. A importância e o privilégio de ser judeu é o que Deus pretende fazer por intermédio desse povo. A justificação pela fé.
Romanos 3:26 – “tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.”
Paulo prova que não há nenhum novo princípio para o plano de salvação. Deus trata o homem e o abençoa de acordo com a sua fé. Paulo está mostrando a certeza e a finalidade da salvação. Paulo nos fala da segurança do cristão, como resultado da nossa união com Cristo, o Espírito Santo está em nós e age em nossas vidas e que o pecado é a obediência à lei.
O cristão tem segurança porque esta é uma ação de Deus e não do homem. Deus teve misericórdia de nós, sendo nós ainda pecadores, e com isso Deus prova o seu amor para conosco. Jesus morreu por nós para que pudéssemos ser salvos da ira. Fomos reconciliados com Deus através de Jesus Cristo. E uma vez reconciliados fomos salvos pela sua vida. Essa é uma ação que vem apenas de Deus e não pode ser frustrada. Deus nos une em Cristo, e o pecado não tem mais domínio sobre as nossas vidas, pois, “nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”. Está é a vontade de Deus e não há contradição na pessoa de Deus.


Para quem Paulo escreve

“Paulo... a todos os que estais em Roma.” – Romanos 1:1,7

Data da Postagem: 06/03/2014

No primeiro capítulo dessa epístola vemos que Paulo faz um breve resumo de quais eram as condições da Roma antiga.  Era um quadro de degradação terrível, e foi nesse mundo e com esse tipo de vida que vivia os cristãos que receberam a carta escrita por Paulo.
E como esta igreja veio a existir dentro desse contexto tão terrível? E como ela foi fundada? A igreja em Roma não foi fundada pelo apóstolo Paulo, ele nunca havia estado lá – fora impedido de ter estado na igreja em Roma[1]. A epístola aos Romanos foi provavelmente escrita pelo apóstolo Paulo por volta do ano 58 d.C., e segundo o livro dos Atos dos Apóstolos por volta do fim de sua terceira viagem missionária em Corinto.
E também a igreja não foi fundada pelo apóstolo Pedro. Paulo diz em Romanos 15:20 que não fora chamado para “edificar em fundamento alheio”. Paulo em nenhum momento faz referência ao apóstolo Pedro como fundador da igreja em Roma e, podemos afirmar com toda segurança que, se o apóstolo Pedro tivesse fundado e estabelecido aquela igreja, Paulo não lhe teria enviado esta carta. Não era seu costume nem hábito.
Além disso, não há nenhuma comprovação histórica de que Pedro tenha estado lá naquele tempo. É de se crer que a igreja em Roma não foi fundada por nenhum dos apóstolos de Cristo, uma vez que não há nenhuma referência deles pela história.
Então como a igreja em Roma veio a existir? No capítulo dois do livro dos Atos dos Apóstolos há a referência de que diversos religiosos, judeus e prosélitos tinham subido para a festa do dia de Pentecostes em Jerusalém, e que alguns deles tinham vindo de Roma. Logo, acredita-se que alguns desses judeus e prosélitos tenham se convertido após terem ouvido a pregação do apóstolo Pedro, depois voltaram para Roma e propagaram as boas novas do evangelho de Jesus Cristo.
Paulo escreve “a todos os que estais em Roma, amados de Deus”. E é dessa forma que Paulo se refere a todas as igrejas que cita em suas cartas: em Éfeso, em Coríntios. Não havia apenas uma igreja em Roma, a igreja não se reunia apenas em um edifício, mas em diversos lugares e com diferente número de pessoas reunidas. A igreja de Jesus Cristo é uma só, mas se reúne em diversos lugares ao mesmo tempo. Quando Paulo faz saudação a Priscila e Áquila diz: “em sua casa” [2].
Porque Paulo escreveu esta epístola? Em Romanos capítulo 1:11 Paulo diz:
11 Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados,
12 isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha.
 A conversão não é o fim, mas o começo. Embora uma pessoa possa estar realmente convertida e ter nascido de novo, pode estar em perigosas condições. Paulo diz no capítulo 16: 17-18:
17 Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles,
18 porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.
Sermos convertidos não basta, precisamos ser confirmados e edificados. O que era necessário nos tempos de Paulo ainda é necessário em nosso tempo: crentes sendo levados por ventos de doutrinas.
Muitas igrejas são firmadas apenas em experiências com o Espírito Santo, emoções, visões ou revelações, dizem que a doutrina não é de tanta importância. Paulo diz na Primeira Epístola aos Coríntios 3:11.
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.”
  Muitos cristãos confirmados e edificados no verdadeiro fundamento de Cristo foram lançados aos leões nas arenas, suas casas eram incendiadas, eles eram submetidos a todo tipo de injustiças das mais cruéis, mas mesmo assim, resistiam firmes. Por quê? Porque estavam fundados em uma fé que resiste como rocha. Inúmeros cristãos foram mortos na fogueira pela igreja católica romana porque acreditavam que o homem era justificado pela fé e nada mais, e morriam alegremente.
A história da Igreja que, no ano de 156 d.C., em Esmirna, um homem já idoso, cristão foi colocado na fogueira com o intuito de fazê-lo negar a sua fé e insultar a Jesus Cristo, contudo, milagrosamente as chamas não o queimaram, elas tomaram a forma de uma abóboda e envolveram todo o corpo de Policarpo, e das chamas saia um cheiro como de incenso e aromas muito preciosos. Seus inimigos então, o apunhalaram até a morte com espadas. Saíra tanto sangue dos ferimentos que o fogo se apagou. Depois o seu corpo foi retirado da fogueira e queimado no chão da arena. Depois de tudo terminado, seus discípulos tomaram o restante de seus ossos e o colocaram em uma sepultura apropriada. Antes de morrer Policarpo disse aos seus assassinos:
“Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente”!
Certamente que hoje pessoas não são mais mortas em fogueiras, vivemos em uma época em que não importa muito no que cremos. Podemos imaginar por um momento que se iniciasse uma perseguição contra a igreja, será que permaneceríamos firmes como muitos dos primeiros cristãos?
No amor do Senhor Jesus!


[1] Romanos 1: 9,10 - Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós 10 em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos.
[2] Romanos 16:3-5 – “3 Saudai Priscila e Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, 4 os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; 5  saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo.”
 


Questões Introdutórias
 
Data da Postagem: 02/03/2014

A Epístola aos Romanos é uma carta escrita a uma igreja e que tinha em vista um objetivo e um fim prático. O apóstolo Paulo estava interessado em ajudar aos cristãos de Roma, a edificá-los e firmá-los em sua fé santíssima.
Antes de iniciarmos o estudo a cada capítulo desta epístola é importante observar algumas questões importantes para podermos entender os argumentos utilizados por Paulo e o porquê dele ter escrito essa epístola que foi e continua sendo tão importante até os nossos dias.
Porque ela se acha colocada como a primeira epístola do Novo Testamento? Apesar de não ter sido a primeira epístola a ser escrita pelo apóstolo Paulo, e sim Primeira Tessalonicenses, acredita-se que o Espírito Santo deu à Igreja sabedoria para compreender que essa epístola deveria receber o mérito de ser a primeira em importância para as Igrejas do Senhor Jesus.
A Epístola aos Romanos foi posta desde o princípio como a primeira e sempre houve concordância quanto a isso. Ela é reconhecida como a Epístola na qual somos postos face a face com todas as verdades fundamentais das Escrituras Sagradas.
No livro de Atos dos Apóstolos, foi feito um relato de como a Igreja foi formada, estabelecida e propagada. E logo em seguida vem a Epístola aos Romanos para trazer a lembrança dos alicerces básicos sobre o qual a Igreja foi firmada[1].
Se observarmos a História da Igreja pode-se perceber quão importante foi o papel dessa epístola, muito mais do que qualquer outro livro da Bíblia e, se deixarmos que esta epístola fale aos nossos corações, poderemos experimentar de grades conhecimentos e mudança interior.
Temos o exemplo de Agostinho. Ele foi uma das pessoas mais importantes da história da Igreja. Ele era professor e filósofo, mas tinha uma vida imoral, mas certo dia, com a sua alma aflita e corroída pela agonia por causa da vida que levava, sentou-se em um jardim quando ouviu a voz de uma criança dizendo: “Tome e leia, tome e leia”. Nesse momento Agostinho se levantou, foi para o seu quarto, abriu a Epístola aos Romanos e leu o capitulo treze que diz:
“13 Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes;
14 mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.”
Nesse momento Deus brilhou intensamente sobre ele. Agostinho foi convertido e salvo, e veio a ser um dos maiores defensores e orientadores da fé e doutrinas cristãs.
“Não li mais nada”, disse ele, “e não precisei de coisa alguma. Instantaneamente, ao terminar a sentença, uma clara luz inundou meu coração e todas as trevas da dúvida se desvaneceram.”[2]
Outro exemplo importante foi o de Martinho Lutero. No ano de 1515, quando ainda era católico romano e professor de teologia, resolveu dar aulas a seus alunos sobre a Epístola aos Romanos. Ao preparar as suas aulas - a verdade da justificação pela fé, e pela fé somente - Lutero foi completamente impactado pelo Espírito Santo e, a partir desse momento foi que se iniciou a Reforma Protestante. Sendo assim, foi através da Epístola aos Romanos que Deus realizou o grande marco que dividiu a história da Igreja Cristã.
“Ansiava muito por compreender a Epístola de Paulo aos Romanos”, escreveu ele, “e nada me impedia o caminho, senão a expressão: ‘a justiça de Deus’, porque a entendia como se referindo àquela justiça pela qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos... Noite e dia eu refletia até que... captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual, mediante a graça e a pura misericórdia, Ele nos justifica pela fé. Daí por diante, senti-me renascer e atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior amor. Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu.”[3]
Outro ponto a ser observado na Epístola aos Romanos é a primeira palavra que é o nome de Paulo; logo inicialmente Paulo se identifica como a pessoa que está escrevendo uma carta a um grupo de cristãos da grande cidade de Roma, uma das cidades mais importantes naquele período da história. Paulo está escrevendo para um grupo de pessoas que em sua maioria é composta por gentios.
Na Epístola aos Filipenses, Paulo faz uma breve bibliografia sobre quem ele era e nos diz que ele era um homem rígido quanto ao seu caráter e costumes, fanático, nacionalista, que odiava o Senhor Jesus Cristo e tudo o que se relacionava com Ele. Paulo considerava os ensinos de Jesus uma blasfêmia[4], e que tentava destruir a Igreja. Paulo foi até Damasco[5] respirando ameaças de morte a fim de poder exterminar a pequena igreja daquela cidade. É com base nisso que precisamos dar atenção à pessoa de Paulo, pois Deus de maneira maravilhosa preparou este homem para executar uma tarefa muito especial.
Paulo era um homem incomum e dotado de excepcional habilidade natural. Paulo foi um dos maiores escritores e pensadores da Igreja Cristã de todos os tempos. Ele era muito inteligente, tinha excelentes argumentos em tudo o que escreveu, e Deus não desperdiçou todas essas suas qualidades naturais.
Paulo era judeu, hebreu de hebreus[6] da tribo de Benjamim.
Foi educado como fariseu e estudou com um dos maiores professores de sua época, Gamaliel. E, com esse conhecimento adquirido, Paulo veio a ser um especialista no entendimento e interpretação da lei judaica.
Paulo também era cidadão romano de nascimento[7], ou seja, nasceu livre. Ser cidadão romano era uma grande honra para aquela época, e Paulo utilizou desse privilégio quando estava para ser açoitado.
Tarso era uma cidade de domínio romano e era um grande centro cultural daquela época, assim como Atenas, na Grécia e Alexandria, no Egito. Tarso foi uma cidade muito influenciada pela cultura grega, e, por sua vez, Paulo recebeu dessa influência. Ao lermos o livro de Atos dos Apóstolos podemos perceber que Paulo demonstra que conhecia poetas e filósofos gregos, e podia citá-los.
Deus levantou Paulo para promover grandes realizações:
Primeira: defender a fé cristã contra os judeus, ou contra o judaísmo. Em Gálatas capítulo 2 [8], Paulo teve de resistir ao apóstolo Pedro face a face. Pedro estava demonstrando temor quanto ao judaísmo. Paulo como era judeu compreendia muito bem os pensamentos judeus e por isso tinha autoridade para resistir às atitudes de Pedro.
Os judeus consideravam o Evangelho como algo impuro às doutrinas do judaísmo, e Paulo foi usado por Deus para conciliar o ensino do Velho Testamento com o do Novo Testamento. Por isso Paulo precisou ir para a Arábia após a sua conversão para poder meditar de forma correta nessas questões. Ele examinou as Escrituras, algo que conhecia muito bem, e encontrou Cristo nelas. E, com esse conhecimento, Paulo escreveu as Epistolas fazendo diversas citações e usá-las para confirmar e dar veracidade a suas palavras.
Segunda: Paulo foi chamado por Deus para ser o apóstolo aos gentios[9]. Ser um cidadão romano era de grande ajuda para Paulo nesse ponto do seu chamado. Todo o seu conhecimento de outras culturas ajudariam Paulo em seu trabalho missionário também, Paulo precisava entender o povo a quem estava pregando o evangelho de Deus.
Na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo nove Paulo diz:
“22 Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.
23 Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.”
Paulo podia pregar tanto para o judeu quanto para o gentio. Deus preparou Paulo, no decorrer de sua vida, para todos esses momentos. E o que Deus nos ensina com tudo isso? Paulo era um homem cheio do Espírito Santo e o conhecia intimamente, contudo, os seus dons naturais foram todos utilizados para a obra que Deus queria realizar através de sua vida. Muitas pessoas acreditam que o que importa são os dons do Espírito Santo, e que os dons naturais não servem para nada. É exatamente o contrário na vida de Paulo. Paulo era judeu, tinha cidadania romana e conhecia a cultura gentílica e isso precisa ser contado como importante em seu ministério.
Temos outro exemplo que é Moisés. Deus o enviou para o palácio de faraó para aprender os conhecimentos e artes do Egito e depois o levou para o deserto onde se fez íntimo dele.
Temos também o caso de Davi, de Isaías, Amós e tantos outros. Saulo de Tarso, o erudito fariseu passou a ser Paulo de Tarso um grande homem nas mãos de Deus.
Podemos deduzir então, que não há nada de errado nos dons naturais em si, uma vez que Deus é quem dota os homens de dons naturais. O homem não cria em si seus próprios dons. Contudo, não podemos por a nossa confiança nesses dons naturais, nem nos gloriarmos neles. Os dons naturais não são deixados de lado pelo Espírito Santo, uma vez que Ele exerce total controle sobre todos eles e faz uso deles. Deus sempre preparou os homens para os seus serviços e vai continuar a fazer isso através dos séculos.

No amor do Senhor Jesus!
 

[1] “Ninguém pode pôr outro fundamento” – 1 Coríntios 3:11
[2] No livro, Confissões, de Agostinho.
[3] Palavras ditas por Martinho Lutero
[4] Blasfêmia significa: palavras que ofendia gravemente a divindade e santidade de Deus.
[5] Atos 9
[6] Filipenses 3:5
[7] Atos 21 e 22
[8] Gálatas 2:11 - Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti -lhe face a face, porque se tornara repreensível.
[9] Romanos 11:13 - Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério,
 

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